Por que nos comportamos?

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Essa pergunta do título é muito importante, para entendermos e principalmente agirmos sobre nosso comportamento. Muitas pessoas podem dizer, a eu me comporto assim porque eu quero e ponto. Será mesmo??

Não é bem sim, existem motivos pelos quais nos comportamos, precisamente 4 motivos, e todos os nossos comportamentos são selecionados por essas funções. O comportamento que dá acesso a função é o que ocorrerá mais vezes.

Sem enrolos, vamos conhecê-las.

Lembrete esse post é parte final de uma série de três posts, importante a leitura dos dois anteriores também para entender bem o assunto. Post 1Post 2.

Quando o comportamento é por atenção

Diversos comportamentos que emitimos durante o dia são para obter a atenção de alguém, marido, esposa, filhos, companheiro, companheira, chefe, amigos, amigas, entre outros. E ter a atenção de alguém é muito bom, é uma necessidade do ser humano, nós somos seres que vivemos em sociedade, em grupos.

Só que fazemos estes comportamentos de diferentes formas, e muitas vezes ao olhar só para a forma do comportamento, não observamos que o objetivo é ter acesso a atenção.  Por exemplo, uma criança pode se jogar no chão, chorar, gritar, jogar objetos para o ar com a função de obter atenção. Mas, por que isso? Porque foi estes comportamentos que no passada deram acesso a atenção para ela, então ela agora emite estes comportamentos para ter a atenção, dizemos que estes comportamentos foram reforçados, provavelmente de forma acidental, ou seja, não eram os comportamentos que os pais gostariam de ter reforçado. Acesse o post Repreendo meu filho, mas ele continua fazendo as mesmas coisas, é um post dedicado justamente a este problema específico.

Agora observe o quadro abaixo com a descrição de alguns comportamento para ter acesso a atenção.

AntecedenteComportamentoConsequência
Com a presença de uma garota que o rapaz está a fimEle começa a tocar uma música no violão que ela gostaEla olha para ele e dá um leve sorriso
Na sala de aula, todos os alunos sentados copiando em silêncioum aluno se levanta e começa a falar alto com outros próximosO professor pergunta o que ele está fazendo fora do lugar e manda o sentar
O pai chega em casaEntão o filho pega um brinquedo e chama o para brincarO pai pega outro brinquedo e senta se com o filho
O marido sentado no sofáEntão a esposa senta do lado e começa a conversar Marido prontamente da continuidade a conversa

Importante mencionar que os exemplos dados só irão repetir se no futuro, se eles forem reforçados. vamos analisar o exemplo do rapaz tocando violão. Se a garota não olhasse para ele, e pior, saísse até do local, provavelmente ele não tentaria novamente essa forma do comportamento. Provavelmente ele tentaria outras formas ou a depender do histórico de tentativas acabaria ali e ele desistiria.

Agora, uma parte extremamente importante. Muitas pessoas na variação da forma do comportamento para obter atenção, emite comportamentos que podem colocar em risco sua integridade física e de outras pessoas. Se você que está lendo este post está próximo de cometer algo assim, ou conhece alguém que, procure ajuda profissional, a terapia irá te ajudar, não tente sozinho modificar este comportamento, é perigoso de forma acidental agravar ainda mais a situação.

Quando me comporto por algo tangível

É quando nos comportamos para ter acesso a qualquer coisa que seja tangível, alimentos, brinquedos, objetos entre outros. Nós emitimos diversas formas adequadas do comportamento, como solicitar a alguém que nos dê o que queremos. Porém, muitas vezes ocorrem comportamentos inadequados, como por exemplo uma criança querendo um brinquedo que está com outra, pode empurrá-la, e se assim, ela teve acesso ao brinquedo, ela tende a fazer mais vezes em momentos que ela quiser algo que esteja com outra pessoa.

Quando a criança emite um comportamento inadequado para obter algo tangível, é importante não a deixar ter acesso ao item, e ensiná-la uma forma adequada para solicitar. Acesse o post meu filho não me respeita mais: possíveis causas e como agir, nele é explicado um exemplo clássico de comportamento para obter um tangível.

Algo que também ocorre muito é o comportamento governado por regras (será tema de posts futuros), com a descrição de um comportamento com função tangível, onde o pai diz para o filho, se você cortar a grama então poderá sair no carro. 

Importante mencionar que olhando somente para o comportamento em si, a ação do indivíduo, não da para saber qual é a função. Por exemplo, uma criança pode solicitar um brinquedo aos seus pais por função tangível, por atenção ou até para fugir de alguma tarefa.  

Quando me comporto para fugir ou me esquivar de alguma coisa

Durante o dia, nó temos contatos com vários estímulos que são aversivos, e nesses casos o que normalmente fazemos é emitir um comportamento para fugir deles, e se algo sinaliza que ocorrerá e se algo sinaliza que ocorrerá um estímulo aversivo emitimos um comportamento para nos esquivar. Dois exemplos clássicos são:

  1. a pessoa está andando na rua e de repente é parada por uma pessoa que começa a falar coisas chatas, e fala tocando e a peoa não gosta disso, então naturalmente emite-se um comportamento de fuga, diz para pessoa que está atrasada, tem que ir e se afasta do estímulo aversivo.
  2. os pais saem de casa e falam para os filhos não deixarem as coisas espalhadas, mas é só ele saírem pelo portão e já começa a bagunça, só que quando os filhos ouvem o barulho dos pais chegando, rapidamente arrumam tudo para esquivarem-se da bronca que provavelmente iriam tomar.

Explicado isso, agora vamos salientar alguns pontos. Lembram do post “Afinal o que é comportamento” (parte 2) que quando algo aparece consistentemente junto a outra, ela passa a ter o mesmo valor, de uma olhada nele clicando aqui, o próximo post “amor de filho e mãe também” também será sobre o tema. Pois bem, se uma pessoa está sempre dando bronca, sempre chamando a atenção, ela passa a ser também aversiva, e então a pessoa emite comportamentos para evitar o contato com essa pessoa.

Na época da faculdade, um professor me pediu para eu pensar no top 5 dos professores que mais me marcaram e o porquê. Hoje, faço a mesma coisa, pense no top 5 dos professores que mais marcaram você, verás que eles eram reforçadores, porque proporcionavam consequências reforçadoras. Agora pense nos que menos marcaram, esses provavelmente se tornaram aversivos, eram evitados, emitíamos comportamentos de fuga e esquiva deles.

importante mencionar que o que é aversivo para um pode não ser para outro. por exemplo, rock n’ roll é reforçador para algumas pessoas e aversivo para outras, jiló é reforçador para algumas e aversivo para outras. E também, para a mesma pessoa, uma coisa pode ser reforçadora em um momento e aversiva em outro, por exemplo, uma pessoa com fome, a comida é reforçadora, porém depois de estar saciado, muitas vezes até o cheiro da comida enjoa.

Quando o reforço é automático (sensorial)

A função automática é quando a própria atividade, a própria ação, é reforçadora. Por exemplo, ler para mim é uma atividade que o reforço é automático, ou seja, a leitura neste caso, não é para ter atenção, não é para ter acesso a alguma coisa tangível e nem para fugir de algum estímulo aversivo. Com certeza pensou em diversos comportamentos que possuem esta função no seu dia a dia né.

Como em todas as demais funções, podemos ter comportamentos inadequados sendo reforçados, como o comportamento auto lesivo por exemplo, visto muito em indivíduos com desenvolvimento atípico (vale ressaltar que comportamento auto lesivo não é sinônimo de reforço automático, ele pode ser emitido para ter atenção, para acessar a alguma coisa ou para fugir de uma tarefa, ou seja, pode ser emitido buscando obter qualquer uma das funções, somente uma avaliação feita por um profissional qualificado para descobrir qual é a função do comportamento).

Muitos comportamentos são mais fáceis de descobrir a função, tenho certeza de que com a leitura deste post e dos dois anteriores você conseguiu achar a função de vários comportamentos, e com o tempo, lendo mais, irá conseguir achar de muitos outros. Porém, tem muitos outros que são mais difíceis, por vários motivos como por exemplo está em um esquema de reforçamento intermitente, de forma bem superficial, isso significa que a função do comportamento não aparece sempre que a pessoa se comporta, mas isso é assunto para outro post.

Gostaria de mudar alguns comportamentos e não está conseguindo sozinho? Procure ajuda profissional, essa sempre será a melhor opção.

Quer se aprofundar mais nesta maravilhosa ciência chamada Análise do Comportamento e assim entender ainda mais sobre o comportamento. Então deixo uma indicação de livro sensacional, para quem está no computador está na lateral direita e quem está em dispositivo móvel está mais abaixo. Livro Princípios básico de Análise do comportamento, capa amarela.    

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3 comentários em “Por que nos comportamos?”

  1. Pingback: Entendendo o comportamento para contribuir mais na educação dos filhos e alunos | VCBevidências

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